É inegável que, ao longo das últimas décadas, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, no entanto, agora, não tão distante da linha de chegada como antes. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, as mulheres respondem por 43,8% dos 93 milhões de brasileiros ocupados. Na população acima de 14 anos, por exemplo, a proporção é diferente: 89,4 milhões (52,4%) são mulheres, enquanto 81,1 milhões (47,6%) são homens. Mulheres capixabas têm quebrado barreiras e assumem posições que desafiam tabus da sociedade ao ocuparem funções que, por muitos ainda são vistas como “trabalho de homem”.
A garra feminina
Flávia Pereira, 39 anos, é supervisora de obra e conta que no início da sua atuação profissional, as construções civis não possuíam banheiro feminino, apenas masculino. “Isso é a prova clara de que não era esperado uma mulher trabalhando em uma obra”, completa. A profissional relata ainda que no primeiro lugar onde trabalhou, há 12 anos atrás, ouviu diversas vezes frases como ‘obra não é lugar para mulher’. “É um desafio constante, mas tenho muito orgulho do espaço que já conquistei. Estou na Argo há quase 10 anos e todos, inclusive os homens, sempre me respeitaram”, finaliza.
A técnica em segurança do trabalho, Raphaella Leitão, 41, tem um relato parecido e compartilha que já lhe ocorreu durante um antigo trabalho de solicitar um equipamento e um engenheiro responsável não acatar seu pedido e a menosprezá-la simplesmente pelo fato de ser mulher. “É preciso ter jogo de cintura para lidar com comentários e atitudes machistas. O importante é que sei que estou no caminho certo. Tenho muito orgulho de fazer parte da equipe de mulheres da Argo. Hoje, não sinto o que sentia há anos atrás”, conta.